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- Paulo Ramos
- 27 de jul. de 2024
- 5 min de leitura
Prazer, meu nome é Paulo, tenho 35 anos, sou casado desde 2010, sou pai de um menino de 8 anos. Sou formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Viçosa. Também tenho mestrado na mesma universidade. Tenho formação em técnico em violão clássico pelo Conservatório Estadual de Música Prof. Theodolindo José Soares. Depois que terminei essa minha etapa de estudos, por algumas questões que não é propósito desse texto, resolvi me dedicar a empreender.
Escolhi a fotografia como meu ramo. O ano era 2016, meu filho estava prestes a nascer, tinha terminado meu mestrado. Queria fazer um ensaio de recém-nascido, parecia uma coisa legal e recém-nascido é fofo em qualquer contexto, é fato. Então, para solucionar a pergunta de como fazer, fui pra internet pesquisar tudo o que podia sobre fotografia. Acabou que o ensaio não aconteceu porque comprei a câmera com o cartão de crédito que tinha, cancelaram a compra e levou dois meses para estornar o limite no cartão, mas eu já tinha tomado gosto pela fotografia.
Durante quase um mês, enquanto esperava meu filho nascer, estudei a fundo tudo que encontrei pela frente sobre fotografia, ensaio fotográfico de recém-nascido. Até aquele momento, tinha tido pouco, próximo de zero contato na fotografia. Tinha alguns amigos fotógrafos, um deles foi meu mentor, me ensinou muito sobre equipamentos e até me emprestou alguns.
Trabalhei na fotografia durante 4 anos, aprendi muito com as pessoas que conheci ao longo do caminho. Algumas se tornaram amigas pra vida e tenho muito respeito e admiração por elas e sempre que encontro com elas fico feliz de encontrá-las. Esse sou eu, fico feliz com o sucesso das pessoas, não mudo o rumo dos meus planos, não me interessa se você está certo ou errado e não espero admiração das pessoas. Pelo menos, não mais.
A vida de fotógrafo cobra um preço alto em todos os aspectos e no finalzinho de 2019 fiz um cálculo econômico bem simples. O custo de oportunidade de me manter na fotografia era alto demais. Na época em que fiz esse cálculo tinha tido uma semana frenética de ensaios fotográficos, e meu negócio estava indo bem. Entretanto, sair as 20h para uma festa e voltar as 3h não me agradava muito. E pelo mesmo pró-labore poderia ir para o doutorado que eu saía de casa às 8h da manhã e às 18h estava em casa pra jantar com a minha família.
Fotógrafo/ empreendedor, por outro lado, não tem noite ou dia, finais de semana ou feriados. Lembro de uma vez que fui com uma DJ em uma Rave para fotografar a apresentação dela à meia noite. Fui pela curiosidade e pelo trabalho. Depois de fazer os cálculos percebi que ganharia a mesma coisa na fotografia e no doutorado. Conversei isso com a minha esposa e com o apoio dela, entreguei meus últimos trabalhos e vendi todos os meus equipamentos, mas ficando com alguns que estão comigo até hoje.
Só tinha um problema, o doutorado na economia funciona assim. A maior parte das pessoas se tornam professor ou pesquisador em algum órgão do governo. Depois de quase 5 anos você sai desempregado e tem ainda que fazer concurso para encontrar emprego (estou indo pela maioria). Que eu iria sair da fotografia era certo, mas o que fazer depois era mais complicado e é aí que começa onde quero chegar.
Quando tinha 18 anos depois de me formar no ensino médio e fracassar no vestibular de Administração. Comprei um Jornal chamado Folha dirigida. No meio desse jornal tinha uma reportagem chamada Carreira de Diplomata. É exigido curso superior, inglês e francês. O salário 12 mil e pouco não me recordo ao certo porque isso foi em 2012. Lembro de olhar e ficar surpreso com aquilo. Nesse ponto, eu não tinha inglês, francês era uma coisa de outro mundo, e tinha acabado de fracassar no vestibular. E por fim minha autoestima estava bem baixa. Mas juro que a ideia daquele concurso nunca me saiu da cabeça e de vez em quando, flertava com aquele concurso.
Depois que decidi sair da fotografia tive que viver o dilema se voltava pro meio acadêmico e fazia doutorado. Resolvi que era hora de me arriscar na vida de concurseiro. Comecei a me preparar para enfrentar o processo seletivo mais insano que eu tinha visto na minha vida. 11 disciplinas diferentes, 3 línguas estrangeiras (inglês-francês-espanhol), redação de tudo em quanto haja. Não vou mentir e dizer que no começo as coisas não pareciam meio insanas. E, se você pesquisar no Google, parece que as pessoas que passaram são super-humanos. Uma amiga chegou a me dizer que quem é aprovado é porque tem parentes que já foram diplomata. Eu não ligava, e não ligo. Ainda não fui aprovado, mas para aqueles que duvidam, não se trata de uma questão de se, mas uma questão de quando.
Organizei a minha vida de modo que consigo manter meus estudos para a carreira de diplomata por um longo tempo. Tenho apoio dos meus pais e da minha esposa e filho. Porque eu deveria me preocupar?
No entanto, algumas pessoas que me veem fazendo coisas aleatória pensa que eu não tenho foco, não sou disciplinado o bastante ou qualquer coisa do tipo. Por exemplo, alguns meses atrás comecei a escrever um romance que está em andamento. Falta de foco? Não, pelo contrário, meu amigo. Percebi que tinha um vício de escrita que veio comigo desde os anos do ensino médio. Escrevo algumas coisas na voz passiva, tipo o Yoda do Star Wars e pra solucionar isso seria bom escrever uma história em que sou forçado a escrever milhares de páginas e ainda revisar.
Por muitos anos adotei o visual de academia usando meu cabelo raspado por ser prático e me deixar com um estilo legal. O que levou a alguns amigos a acreditar que eu era calvo. Recentemente, depois de vencer uma etapa da minha preparação decidi que deixaria meu cabelo crescer. Para parecer mais descolado? Não. Penso que depois de aprovado, adoraria trabalhar no departamento de promoção a cultura do Ministério das Relações Exteriores. E acho que o meu estilo de cabelo, meus estudos em musica se encaixaria bem nesse trabalho.
Então, se você me ver fazendo alguma coisa que parece sem noção, saiba que eu não penso de forma linear. Minha vida é como os filmes da Marvel, tem coisas acontecendo agora, coisas acontecendo no espaço e coisas que aconteceram no passado que têm impacto no futuro. No final todas as coisas terminarão no mesmo ponto.
Se você está lendo as minhas palavras, saiba que elas não são por acaso, não escrevo porque quero compartilhar meus pensamentos. Se aprendi uma coisa com a minha preparação para a carreira de diplomata é não me importar nem um pouco com o que as pessoas estão pensando. Não me importar se tem gente que acredita no meu projeto ou não.
No final do dia, quando tudo estiver finalizado, eu tenho a certeza de que tudo o que tenho feito tem um propósito. Que minha caminhada valeu a pena. E se mesmo assim existir alguma dúvida, saiba que já estou bem avançado no inglês e no francês.
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